segunda-feira, 9 de abril de 2018

Técnicas e informações sobre gravação e conversão mono e pseudo estéreo – PARTE 1

SÍNTESE SONORA & ELETRÔNICA ARTESANAL

Técnicas e informações sobre gravação e conversão mono e pseudo estéreo – PARTE 1 - SÍNTESE SONORA & ELETRÔNICA ARTESANAL

Técnicas e informações sobre gravação e conversão mono e pseudo estéreo – PARTE 1

Outro dia em um fórum na internet se debatia sobre circuitos eletrônicos para converter um áudio mono em estéreo, percebi que as repostas eram bem vagas e errôneas sobre o assunto…
Resolvi garimpar , analisar e resumir sobre a conversão (FAKE) mono – estéreo usada antigamente, mas com isso foi aparecendo muitas informações paralelas que além de interessantes ,complementam-se  e são históricas.

Técnicas e informações sobre gravação e conversão mono e pseudo estéreo – PARTE 1 - SÍNTESE SONORA & ELETRÔNICA ARTESANALAs informações são difíceis de achar, principalmente em nossa língua, mas acho que ira ser útil e prático para quem quer experimentar…

Inicialmente veio a memória alguns fragmentos de informação e fui localizá-los em meus arquivos…
  • No antigo site (fórum) AUDIOLIST, acho que por volta 2008 ouve uma troca de informações sobre o assunto com membros muito gabaritados…
Transcrevo a resposta histórica de um membro :


Tive a oportunidade de realizar alguns trabalhos de ”estereofonização” de trilhas mono quando trabalhava na gravadora EMI. Pode ser que o relato dessas experiências possa ainda ser útil. Ou sirva apenas como curiosidade!
Eram produções gravadas no início dos anos 60.A compatibilidade mono do futuro programa era uma exigência do meu diretor técnico. Como o produto final seria lançado em vinil deveria haver ainda o cuidado com desvios de fase nas baixas frequências.
Então a solução encontrada começou por:

  1. Passar o programa por um divisor de frequências, criado com os filtros do próprio console e gerar um programa de baixa e outro de altas frequências.
  2. O sinal de baixa frequência criado era então tratado em dinâmica e equalizado e endereçado mono aos canais L e R do master.
  3. O sinal de altas frequências também era tratado se necessário e endereçado a um delay Lexicon com aproximadamente 22ms de atraso. Esse tempo dependeria muito do programa a ser tratado, podendo variar bastante.
  4. A saída do delay era então somada ao sinal de altas numa proporção adequada e o resultado era o efeito “comb filter” do programa musical, com a natural perda de algumas regiões do programa.
  5. Esse conjunto era então endereçado ao canal L do master .Para o canal R do master era repetida a mesma operação, apenas invertendo a fase do sinal atrasado de altas frequências. Assim o que faltava em um lado aparecia no outro.

Vejam que se de um lado do estereo você tinha HF+Delay e no outro HF-Delay,ao se monitorar MONO desaparecia o efeito do delay. Quando havia a monitoração em estéreo podíamos fazer os ajustes no tempo de atraso. O resultado era curioso, pois como dito anteriormente, dependia muito do programa musical, que no nosso caso era composto por registros orquestrados.
Assim havia o desvio aleatório de alguns instrumentos de um lado para outro do estereo dependendo da região em que eram executados. Nada muito drástico. Em alguns casos bastante sutil. Mas o medidor de fase indicava que o programa não era mais mono!

Boa sorte e divirta-se!

Framkilim G.Leite”

Abaixo o diagrama em blocos na minha interpretação do sistema de conversão pseudo estéreo  do relato acima.
Técnicas e informações sobre gravação e conversão mono e pseudo estéreo – PARTE 1 - SÍNTESE SONORA & ELETRÔNICA ARTESANAL

Segue em video a experimentação simples  feita virtualmente e que alcançou o resultado como descrito  segundo minha interpretação dos fatos relatados.


Assim começa a jornada divertida e despretensiosa  para entender um pouco sobre esse assunto aparentemente simples mas pouco aprofundado e realmente entendido ...

DO INÍCIO ou quase…

Duophonic

Era um nome comercial para um tipo de processamento de sinal de áudio usado pela Capitol Records em relançamentos de gravações mono de junho de 1961 até a década de 1970. Neste processo, as gravações mono foram reprocessadas e se convertendo em som artificial. Genericamente, o som é comumente conhecido como estéreo falso , pseudo estéreo ou estéreo simulado .


As técnicas geralmente parecidas se utilizam de filtros de frequência,delays e outros dispositivos eletrônicos(truques técnicos),pequenos ajustes no EQ e na fase . O resultado foi um efeito estéreo artificial, sem dar ao ouvinte as verdadeiras características de som direcional do estéreo real.

As empresas de gravação usaram processamento semelhantes  de material monofônico para criar um efeito estéreo, mas referido ao processo por outros nomes. Havia todo tipo de técnica ,o deslocamento de alguns  milissegundos na fase  foi uma  mudança das mais comuns e  rudimentares que imitou o efeito estéreo.


Momento histórico para os ouvintes de vinil  


A grande conversão de mono para estéreo foi traumática para as gravadoras. Em 1958, todas as estações AM ainda eram mono, assim como os FMs. Mas em apenas alguns anos, os sistemas domésticos estavam mudando para estéreo mesmo sem um padrão técnico claro. 


Na década de 1970, os registros mono agora obsoletos eram comumente relançados com som "aprimorado". isso também foi chamado de som "Duophonic" após o processo de registros da Capitol. Estes foram comercializados como versões estéreo dos lançamentos originais. Mas as fitas master monofônicas não tinham separação estéreo. Então eles tiveram que fingir. O efeito estéreo foi criado através de algumas técnicas notavelmente simples. Alguns filtros de áudio foram utilizados para separar certos sons para os deslocar. 


 Stereo se alastrou e essas antigas gravações mono sairão de catalogo. Forçando  os colecionadores de discos a comprar o novo Lp "monofônico aprimorado" ou seguir adiante. Mono estava praticamente extinto em 1978, mas o pseudo estero se arrastou  por mais uns tempos. Alguns rótulos continham as notações Mono, ST (estéreo) e DT (Duophonic), mas as coleções eram geralmente uma mistura das três...


Notícias da novidade…

REVISTA TIME, 20 de janeiro de 1961 (trechos)

Desde que o som estéreo apareceu, a indústria fonográfica tem sido assombrada pela obsolescência não planejada: gravações que eram grandes durante a década do LP agora são tão antigas... Nesta semana, a RCA Victor começou a revidar anunciando o lançamento do ”pseudo- estéreo" - ... eufemismo gravações monofônicas com “reprocessamento estéreo eletrônico”. ...”

“As vendas de discos de Toscanini... campo de discos clássicos, caíram acentuadamente após o surgimento do estéreo. Alarmada, a RCA em 1958 designou um engenheiro e compositor chamado Jack Somer com 23 anos, para ver se ele poderia salvar Toscanini em estéreo. Levou dois anos para produzir uma gravação que soasse convincente e que não fosse afetada por esses riscos normais de gravação...”

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“A técnica de Somer baseia-se no fato de que, na orquestra sinfônica usual , os instrumentos mais agudos (violinos e sopros mais altos) estão concentrados à esquerda, os instrumentos mais baixos (violoncelos, baixo, tambor, tímpano) à direita. Com um labirinto de controles que ele chamou de "o ninho do rato", Somer conseguiu dividir uma gravação monofônica em duas trilhas sonoras separadas, geralmente usando um filtro passa-alto para canalizar os violinos de alta frequência e sopro para a esquerda, outro filtro para colocar os instrumentos de baixa frequência para a direita. Com mais truques, como a adição de reverberação, Somer conseguiu uma ilusão efetiva da verdadeira separação estéreo.”

Nem todos os engenheiros aprovam o estéreo adulterado. William S. Bachman, da Columbia, diz : “Você tem um sinal único para começar. Não achamos que haja uma maneira honesta de fazer dois deles . É como separar mingau e leite; uma vez que você os juntou, você não pode separar”.

Somer, da RCA, admite … : a separação excessiva resulta em uma alteração do som original. Além disso, em pseudo-estéreo, “você pode espalhar o som pela sala, mas não há como obter a sensação, como em estéreo real, do posicionamento adequado dos instrumentos individuais”. Ouvintes atentos vão detectar .... Mas a maioria dos clientes provavelmente não vão questionar a ilusão: as gravações … têm um brilho que seus colegas mono não têm.”


➽Uma das três gravações mono clássicas de Toscanini, que corajosamente, é um "Reprocessamento Estéreo Eletrônico" desta Gravação Histórica" ​​como esta escrito no topo da capa. Esses álbuns apresentavam uma dinâmica de reprocessamento muito diferente da forma estática de reprocessamento usada posteriormente  em álbuns mais pop .Por isso  tantos fãs de Elvis odeiam este período. Elvis estava de volta e em estéreo nas paradas de sucesso,mas os LPs anteriores de Presley, entre os álbuns pop mais vendidos de todos os tempos, estavam disponíveis apenas em mono. Esses álbuns eram uma mina de ouro em potencial para a RCA Victor no novo mercado de estéreo, mas havia pouco que poderia ser feito...

No brazil não foi diferente,mas o modelo de reprocessmaneto foi utilador muito mais tempo e perdurou pela decada de oitenta...
Observamos por exemplo o disco relançado do ano de 1982 de Luiz Gonzaga.O lançamento original pelo selo RCA Victor foi em 1971 , vejam acima a capa de uma re-edição, pelo selo RCA (reprocessado para estéreo).


Luiz Gonzaga – O canto jovem de Luiz Gonzaga 1971 – RCA victor


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SAMBAS E BOLEROS NA VOZ DE NELSON GONÇALVES 1961- RCA Victor

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Mais historia!


Cada grande gravadora seguiu a RCA  com seu "Estéreo Eletronicamente Reprocessado " e desenvolveu um método para fazer estéreo falso. 

Para muitos o pseudo - Estéreo o é um termo depreciativo dado a qualquer técnica de alteração de sinais monofônicos para simular efeitos estereofônicos. A maioria dos sons  é simplesmente feia. O Reprocessamento Eletrônico Estéreo original da RCA Victor (que soava bem) foi substituído por um sistema estático que eles chamaram de Estéreo Eletronicamente Reprocessado (o que não funcionou tão bem).



ATUALIZADO!


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Um  discos lançados nas décadas de 60 e 70, intitulado "Stereo Spectacular Demonstrationo & Effects".  Foi lançado originalmente em 1963. 

Vale a pena conhecer e ouvir os recursos da estereofonia com uma variedade de sons, tais como: som de avião a jato, musicais, jogo de boliche, submarino, helicóptero, roleta russa, motores de carros, elevador e outros sons. O narrador das faixas foi Peter Allen , que mais tarde, foi o locutor de Live at the Metropolitan Opera).

Neste blog tem informação ,mas os links para baixar estão ruins.. http://laplayamusic.blogspot.com/2011/11/stereo-spectacular-demonstration-sound.html


A versão aqui postada contém as faixas de 1 a 9 do disco original e das faixas 10 a 19 são compiladas de outros discos para a versão em Compact Disc - CD.

CONTINUA...


MATERIAL DE APOIO:
Eu resumi, misturei ou utilizei informação destas fontes. Por isso agradeço a eles por dividir seu conhecimento. Pode alguma coisa não estar correta na informação ou transcrição, por favor fique a vontade para me ajudar a melhorar.


https://en.wikipedia.org/wiki/Binaural_fusion

https://en.wikipedia.org/wiki/Precedence_effect

https://en.wikipedia.org/wiki/Stereophonic_sound

http://bileskydiscos.com.br/blog/2017/01/25/voce-sabe-a-diferenca-entre-som-estereo-e-mono-confira/

http://academiadoprodutormusical.com/blog/1811-medidor-de-fase-e-de-estereo/

https://en.wikipedia.org/wiki/Duophonic

http://tenwatts.blogspot.com.br/2008/04/reprocessed-from-monophonic.html

http://econtact.ca/8_3/gauthier.html

https://groups.google.com/forum/#!topic/rec.music.classical.recordings/wwm_bqg5k7w

https://en.wikipedia.org/wiki/Comb_filter

http://www.musitec.com.br/revistas/?c=902

http://www.elvis-atouchofgold.com/electronically-reprocessed/

http://www.forroemvinil.com/luiz-gonzaga-o-canto-jovem-de-luiz-gonzaga/

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