TEORIA DA ALTA FIDELIDADE - NOVA ELETRÔNICA n.80 1983 + (Informações, DIVAGAÇÕES e OPINIÕES)
Após analisar esta interessante matéria da revista NOVA ELETRÔNICA dos anos 80 que segue abaixo ,comecei a pensar na evolução ou não do prazer de ouvir música…Antes e depois do advento do áudio digital ...
Lembrei dos luxuosos módulos dos anos 70 e 80,dos volumosos aparelhos valvulados do passado e da compactação ,massificação, e "descartabilidade" dos modernos aparelhos sonoros…
E ai divaguei...
Alta fidelidade
Alta-fidelidade é um conceito para sistemas de som, segundo o qual, é possível se obter uma reprodução muito fiel de um evento sonoro gravado, especialmente da música clássica ou instrumental no inicio .
Também referida como hi-fi (do inglês high-fidelity), é a reprodução de áudio feita por um aparelho de som com a maior fidelidade possível ao som real. Para tal, deseja-se minimizar os efeitos de ruídos e distorções. Tais equipamentos de som fazem uso da estereofonia na reprodução do áudio.
Entusiastas da alta-fidelidade são chamados de audiófilos, eles são puristas do som que apreciam sistemas sonoros em que o único compromisso é fidelidade, equipamentos estes conhecidos pelo termo em inglês high-end.Desde que surgiram os primeiros processos de registro sonoro, especialistas em áudio, consultores, audiófilos, pesquisadores, empresas de sonorização e indústrias de alto-falantes, discutem, pesquisam e desenvolvem métodos, procedimentos e equipamentos objetivando a reprodução perfeita de eventos sonoros (gravados) especialmente de música, o que se convencionou denominar de alta-fidelidade.
Podemos citar um exemplo como a Audio Engineering Society que é uma sociedade profissional dedicada exclusivamente à tecnologia de áudio. Fundada nos Estados Unidos em 1948, a AES cresceu e se tornou uma organização internacional que reúne engenheiros de áudio, artistas criativos, cientistas e estudantes em todo o mundo, promovendo avanços em áudio e disseminando novos conhecimentos e pesquisas.
Geralmente não chega ao conhecimento do entusiasta de alta-fidelidade de que a maioria dos equipamentos que ele compra, seja receptor, amplificador ou toca-discos, é fabricada para atender a um conjunto rígido de especificações ou padrões que, em conjunto, constituem o nível de desempenho que esses componentes devem atingir. Esses padrões são os próprios do fabricante ou aqueles acordados com outros fabricantes por meio de sua associação profissional . A existência de padrões é importante não apenas para o fabricante de equipamentos de alta-fidelidade, mas também para o comprador.
Não é possível precisar exatamente quando e por quem foi cunhada a expressão alta-fidelidade (ou High Fidelity como originalmente no inglês), mas na década de 1950, os fabricantes de áudio empregaram alta-fidelidade como um termo de marketing para descrever registros e equipamentos destinados a fornecer reprodução de som fiel. Enquanto alguns consumidores simplesmente interpretaram a alta-fidelidade como um equipamento sofisticado e caro, muitos encontraram a diferença na qualidade em comparação com os então rádios AM padrão e registros de 78 rpm prontamente aparentes e compraram fonógrafos de alta-fidelidade e LPs de 33⅓. Os audiófilos prestaram atenção às características técnicas e compraram componentes individuais, como toca-discos, sintonizadores de rádio, pré-amplificadores , amplificadores de potência e alto-falantes. Alguns entusiastas até montaram seus próprios sistemas de alto-falantes.
No final dos anos 1950 e início dos anos 1960, o desenvolvimento de equipamentos estereofônicos e outras tecnologias levaram à próxima onda de melhoramento de áudio doméstico, e na linguagem comum estéreo hi-fi . Os registros sonoros foram agora reproduzidos em um aparelho de som . No mundo do audiófilo, entretanto, o conceito de alta-fidelidade continuou a se referir ao objetivo de uma reprodução sonora de alta precisão e aos recursos tecnológicos disponíveis para atingir esse objetivo. Este período é considerado a “Idade de Ouro do Hi-Fi”, quando os fabricantes de equipamentos de válvulas da época produziam muitos modelos que hoje são cultuados pelos audiófilos modernos, e pouco antes do equipamento solid state ( transistorizados) ser introduzido no mercado, posteriormente substituindo o equipamento de válvula como a tecnologia principal.
Um tipo popular de sistema para reprodução de música começando na década de 1970 e 1980 era o centro de música (Audio Systems) integrado ( 3 em 1 no Brasil) - que combinava um toca-discos, sintonizador de rádio AM-FM, toca-fitas, pré-amplificador e amplificador de potência e caixas acústicas em um pacote único . Esses sistemas anunciavam sua simplicidade. O consumidor não precisava selecionar e montar componentes individuais ou estar familiarizado com as classificações de impedância e potência. Os puristas geralmente evitam referir-se a esses sistemas como alta-fidelidade, embora alguns sejam capazes de reprodução de som de muito boa qualidade.
Os audiófilos nas décadas de 1970 e 1980 preferiam comprar cada componente separadamente. Dessa forma, eles poderiam escolher modelos de cada componente com as especificações que desejassem. Na década de 1980, várias revistas para audiófilos foram disponibilizadas, oferecendo análises de componentes e artigos sobre como escolher e testar alto-falantes, amplificadores e outros componentes .No Brasil podemos destacar a SOM TRÊS que inicialmente fazia testes e dava dicas para os amantes do HI-FI tupiniquim... Mas antes deste período existiram outras revistas no mundo como a REVISTA ALTA FEDELTÁ italiana que foi publicada entre 1957 a 1961.
Equipamentos modernos de áudio
No final do século 20 apareceram os MICRO systems populares e genéricos que eram mais barulhentos, iluminados como um carro alegórico e baratos…Os produtos asiáticos começavam a dominar o mercado ,descartáveis e de plástico tomaram o lugar dos robustos equipamentos de madeira e metal das décadas anteriores…já começava a ser menos exigente a qualidade do som do publico em geral …
Alguns equipamentos modernos ainda são para alta-fidelidade e podem ser conectados digitalmente usando cabos de fibra óptica , portas USB (incluindo uma para reproduzir arquivos de áudio digital) ou suporte Wi-Fi ,com preços astronômicos.
Outro componente moderno é o servidor de música hi-end o primo rico do streamer popular que consiste em discos rígidos de computador que armazenam música na forma de arquivos de computador . Quando a música é armazenada em um formato de arquivo de áudio lossless como FLAC ou WMA Lossless , a reprodução de computador do áudio gravado pode servir como uma fonte de áudio de alta qualidade para um sistema Hi-Fi.
Compactação de áudio lossless
A maioria das técnicas de compactação de áudio digital como MP3 leva à perda de parte dos dados contidos no arquivo original. A compactação lossless é uma forma de compactação que preserva os dados originais. Já os serviços de streaming normalmente têm uma faixa dinâmica mais compactada e possivelmente taxas de bits mais baixas do que os audiófilos gostariam.
Hi-fi e Hi-end
O termo Hi-fi é técnico sendo atribuído a qualquer equipamento de áudio que tenha resposta de frequência de 20 a 20 000 Hz com variação abaixo de +/- 3 dB e relação sinal/ruído acima de 70 dB com distorção harmônica total menor que 0,5%.Hoje, espera-se de um bom sistema de áudio para reprodução de música que suas especificações excedam significativamente os valores Hi-Fi padrão. Isso se aplica à faixa de transmissão de frequência, que deve se aproximar do limite audível de cerca de 20 kHz, mas também ao fator de distorção e à relação sinal ruído .
Embora a tecnologia de amplificadores seja amplamente dominada atualmente em relação à resposta de frequência , ruído , relação sinal/ruído , diafonia ( crosstalk ) e fator de distorção, os alto - falantes , combinados com a acústica da sala , continuam a ser um ponto fraco. Os alto-falantes pequenos basicamente têm um problema com a radiação agrupada de frequências baixas-médias, o que é problemático se você quiser integrá-los à acústica da sala. Os alto-falantes têm a pior resposta de frequência e, de longe, o maior fator de distorção de todos os componentes.
Também pode acontecer que loops de terra ou zumbido e interferência de dispositivos digitais destruam os bons valores da relação sinal/ruído de componentes individuais.
Na reprodução de áudio estéreo , a diafonia pode se referir ao vazamento de sinal de um canal para outro, reduzindo a separação de canais e a imagem estéreo .
Quer saber mais sobre áudio estéreo leia minha postagem :
Técnicas e informações sobre gravação e conversão mono e pseudo estéreo !
Hi-end é conceito de projeto, sendo atribuído a equipamentos de áudio cuja arquitetura e componentes utilizados sejam aqueles de última geração, ou seja, de tecnologia mais recente.
A questão sobre diferenças do som em alta-fidelidade é realmente delicada – por isso mesmo, há quem diga que é tudo relativo ou subjetivo (psicológico) e que a maioria dos audiófilos não resistiria a um teste cego.
Teste Cego de AUDIO
Esse é um teste cego A/B, o que significa que não há como você saber qual é a versão em alta resolução antes de ouvi-lo — uma das melhores maneiras de eliminar preconceitos na hora de fazer a escolha, sem qualquer forma de identificação, para testar as características puras e tangíveis ,sem as possíveis influências da marca e do marketing.
Neste vídeo interessante você pode saber o que é um teste cego moderno!
O Fim da Alta Fidelidade
(resumo da matéria do site da revista Rolling Stone PUBLICADO EM 09/04/2008 )
A alguns anos uma revolução na tecnologia de gravação mudou a forma como álbuns são produzidos, mixados e masterizados - quase sempre para pior. Dizem os produtores: “Eles querem que os álbuns fiquem mais altos para conquistar a atenção [dos ouvintes]”...
Os engenheiros fazem isso através da aplicação da compressão dinâmica, que reduz a diferença entre os sons mais altos e os mais suaves em uma música.
Produtores e engenheiros chamam isso de “a guerra do volume”, e ela tem mudado o som de quase todos os álbuns de rock e pop. Mas o volume não é a única questão. Programas de computador como o Pro Tools (que servem para que os engenheiros de som manipulem o som do mesmo jeito que um Word edita texto) fazem com que os músicos pareçam perfeitos, de uma forma não natural. E os ouvintes de hoje consomem uma quantidade cada vez maior de música em MP3, formato que elimina muitos dos dados existentes no arquivo original do CD e pode deixar o som metálico ou oco. Pode se afirmar “Com todas as inovações técnicas, a música ficou pior”...
Ao manter a intensidade constante, o disco deixa de mostrar os altos e baixos emocionais que normalmente existem em toda música.
O ouvido interno automaticamente comprime o excesso de volume para se proteger, assim nós associamos compressão com altura, conforme explica Daniel Levitin, professor de música e neurociência na Universidade McGill e autor do livro This Is Your Brain on Music: The Science of a Human Obsession (Esse é o Seu Cérebro com Música: A Ciência de uma Obsessão Humana).
O cérebro humano se desenvolveu de forma a prestar especial atenção a barulhos altos, assim sons comprimidos inicialmente pareciam mais interessantes. Mas o efeito não dura. “O interesse na música vem da variação no ritmo, no timbre, no tom e na altura”, diz Levitin. “Se você mantiver algo constante, pode se tornar monótono.” Depois de alguns minutos, mostra a pesquisa, a altura constante começa a cansar o cérebro. Apesar de que poucos ouvintes percebam isso conscientemente, muitos sentem a necessidade de pular rapidamente para a próxima faixa.
Para um ouvinte médio, uma escala dinâmica ampla cria uma sensação de espaço e facilita a audição dos instrumentos individualmente ...
Produtores de rock e pop sempre usaram a compressão para equilibrar os sons de diferentes instrumentos e fazer a música soar mais animada. Já as estações de rádio usam a compressão por questões técnicas. Nos tempos dos LPs, havia um limite físico para a altura máxima dos níveis dos sons graves antes de a agulha começar a pular. Os CDs podem aguentar níveis superiores de altura, apesar de que eles, também, possuem um limite que os engenheiros chamam de "dB zero digital", acima do qual os sons começam a distorcer.
A música moderna deveria ser capaz de prender sua atenção." Rob Cavallo, que produziu American Idiot, do Green Day, e The Black Parade, do My Chemical Romance, complementa: "É um estilo que começou com o pós-grunge, para conseguir intensidade. A ideia era enfiar a cara do ouvinte na parede. Um CD para deixar aturdido".
Não é a nova música que está muito alta. Vários discos remasterizados sofrem do mesmo problema, já que os engenheiros aplicam a compressão para ajustá-los ao gosto moderno. A nova coletânea do Led Zeppelin, Mothership, está mais alta do que os álbuns originais da banda e Bendeth, que mixou o ELV1S: 30 #1 Hits de Elvis Presley, diz que o álbum ficou muito alto para o gosto dele quando foi masterizado. “Muitos audiófilos odeiam aquele disco”, ele conta. “Mas as pessoas podem tocá-lo no carro e ele compete com o novo disco do Foo Fighters.”
Assim como os CDs acabaram com o vinil e com as fitas cassetes, o MP3 e outros formatos digitais estão rapidamente derrubando os CDs como a forma mais popular de se ouvir música. Isso significa mais conveniência, mas som pior. Para criar um MP3, o computador copia a música de um CD e a comprime em um arquivo menor, excluindo a informação musical que o ouvido humano tem menos probabilidade de perceber. Muita informação eliminada está nos extremos do espectro, por isso o MP3 parece não ter nuances.
Como a tecnologia alterou a forma como os sons são gravados, ela também encorajou uma perfeição artificial na própria música. Fitas analógicas foram trocadas, na maioria dos estúdios, pelo Pro Tools. Edições que antes exigiam emendas nas fitas agora são facilmente realizadas com o clique de um mouse. Programas como o Auto-Tune podem melhorar a afinação de qualquer cantor; o Beat Detective faz o mesmo pelos bateristas.
Mesmo assim, os ouvintes de CD parecem demonstrar pouco interesse em estéreos de alta qualidade, graças à popularização de sistemas home-theater de som surround. Além disso, formatos de disco de qualidade superior, como DVD-Audio e o SACD, se revelaram fracassos comerciais. Os produtores se lamentam, porque os ouvintes mais jovens cresceram tão acostumados à música comprimida e metálica dos MP3s que a batalha parece já estar perdida. “Os CDs têm um som melhor, mas ninguém está comprando mais”, afirma Bendeth. “A era dos audiófilos já passou.”
Minhas conclusões:
Analisando toda esta informação ,acredito que o som perfeito ou HI-FI é um mito. Uma questão de opinião em certos aspetos, quando extrapolamos o bom senso para um perfeccionismo caro, subjetivo e pessoal. Cada um ouve de um modo tanto pelos aspectos fisiológicos como psicológicos, mas existe um meio termo ,uma qualidade media que vem se deteriorando com o passar do tempo. Antes existia muita dinâmica sonora e realismo, se queria um som sem muita distorção, pouca maquiagem e cristalino para um ambiente sociável ou comunitário...
Atualmente se quer muito barulho ,timbres grave sem definição ou dinâmica e uma sonoridade pasteurizada e artificial para um ouvinte "zumbificado" que não quer dividir ou sociabilizar, mas poluir as camadas sonoras ou se isolar em seus enormes fones futuristas de alienígena robótico .Alienados do ambiente real ...acredito que as pessoas hoje tem uma acuidade auditiva muito pior que antigamente... por isso a indiferença ou incapacidade de perceber se uma música ou som esta puro, tem nuances ou esta disforme.
Ate um tempo atrás era o termo alta-fidelidade mais ostentativo que efetivo...
Hoje se confunde erroneamente com mais alto, estrondoso e com luzinhas…
Sabemos que o termo HI-FI é bem aplicado a música clássica ou instrumental , mas nem por isso as músicas de um modo geral devem ser de baixa qualidade sonora...um rock ou uma moda de viola bem reproduzidos te faz sentir estar dentro da música...A imaginação com a correta estereofônica pouco apreciada atualmente...Faz você viajar mentalmente...
Nem vamos entrar no mérito das letras e melodias ...
Quem sofreu mais com isso? Nossos ouvidos...
Talvez por isso atualmente explique a moda de reviver o passado, a volta das mídias analógicas como o VINIL e o aquecimento do mercado de equipamentos de áudio vintage...
Mas acredito que é muito difícil o retorno predominante as origens...
Por fim um bônus...
Um vídeo antigo da BBC que satiriza os excêntricos audiofilos do passado...
Este filme da BBC é uma obra-prima.
“Eles gostam de música? Ou eles estão apaixonados por equipamentos? ”
Os meandros da alta fidelidade.
“Eles gostam de música? Ou eles estão apaixonados por equipamentos? ”
Hi-Fi-Fo-Fum programa de 1959.
Os meandros da alta fidelidade.
http://www.intercom.org.br/papers/sipec/ix/trab61.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alta-fidelidade
https://de.wikipedia.org/wiki/High_Fidelity
https://en.wikipedia.org/wiki/High_fidelity
https://en.wikipedia.org/wiki/Crosstalk
https://pt.wikipedia.org/wiki/3-em-1
https://support.apple.com/pt-br/HT212183
https://www.gazetadopovo.com.br/caderno-g/musica/o-som-e-melhor-em-alta-fidelidade-btlmvvli7o8um2ukie37ngycw/
https://www.aes.org/
https://rollingstone.uol.com.br/edicao/19/o-fim-da-alta-fidelidade/
http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL25413-7085,00-MUSICA+DIGITAL+DECRETA+O+FIM+DA+ALTAFIDELIDADE.html
file:///C:/Users/edyne/Downloads/disserta_squines_2013.pdf
https://tecnoblog.net/454072/pagar-mais-pelo-lossless-para-ouvir-o-que/
http://web.archive.org/web/20190916090025/http://www.bassboy.com.au/getreel/site/classicamps/files/articles/ihf/article.htm
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